sábado, 6 de fevereiro de 2010

Dois novos tratamentos orais para a esclerose múltipla a caminho?

Foram publicados dia 4 de Fevereiro de 2010, na revista NEJM, os resultados dos ensaios com 2 novos tratamentos orais para a esclerose múltipla: a cladribina e o fingolimod. A cladribina é um medicamento já aprovado para tratamento das leucemias, cuja acção é impedir que os linfócitos se multipliquem e possam desse modo contribuir para a inflamação. O fingolimod é um tratamento novo que aprisiona os linfócitos nos gânglios linfáticos, impedindo-os de entrar em circulação e desse modo atacar o sistema nervoso.
Nos estudos agora publicados, com mais de 1200 doentes cada, demonstrou-se que tanto a cladribina (ensaio CLARITY) como o fingolimod (ensaio FREEDOMS) foram mais eficazes do que placebo (comprimido sem princípio activo) na prevenção de novos surtos, enquanto o ensaio TRANSFORMS mostrou que o fingolimod é superior a um dos tratamentos activos actualmente usados, o interferão beta-1a intramuscular, também na prevenção de novos surtos. Contudo, os ensaios revelaram também que estas novas drogas têm potencialmente riscos graves. Por exemplo, o fingolimod esteve associado a 2 casos fatais de infecção por um vírus (herpes) e a casos de cancro de pele, enquanto a cladribina causou sobretudo défices graves de linfócitos e infecções pelo vírus herpes. Baseados neste estudo, ambos as empresas produtoras deram já entrada com os pedidods de autorização para uso na prática clínica, o que apenas deve acontecer dentro de 2 ou mais anos.
Fica aqui uma nota: apesar de ambos os fármacos serem bastante promissores (juntamente com outros, igualmente em estudo) tanto em termos de comodidade como de eficácia, os seus riscos são também maiores do que os dos tratamentos actualmente em utilização, pelo que a sua utilização, inicialmente, será restrita aos doentes com formas resistentes aos tratamentos convencionais ou aqueles que não os possam usar por efeitos intoleráveis.

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