terça-feira, 8 de setembro de 2009

Interferão beta

Os interferões são moléculas produzidas em grande quantidade pelo nosso próprio sistema imunitário para o combate às infecções, sobretudo causadas por vírus, e têm também um papel na regulação da resposta imunitária. Devido a estas propriedades, alguns subtipos de interferões utilizam-se como medicamentos: por exemplo o interferão alfa é utilizado no tratamento da hepatite C e o interferão beta é um dos principais tratamentos aprovados para uso na esclerose múltipla.

Não se sabe bem o modo como o interferão beta actua em doentes com esclerose múltipla, mas parece funcionar como um sinal de cessar-fogo, indicando às "tropas" a altura de baixar as armas e regressar ao quartel porque o inimigo já está "controlado". Existem 3 medicamentos contendo interferão beta disponíveis em Portugal: interferão beta-1a intramuscular (Avonex(R)), interferão beta 1a subcutâneo (Rebif(R)) e interferão beta-1b subcutâneo (Betaferon(R)). Estudos controlados contra placebo (medicamento sem princípio activo) mostraram que o tratamento com interferão beta apenas tinha benefício nas formas de esclerose múltipla com surtos (não naquelas progressivas sem surtos) e reduzia em média, no grupo de doentes tratados, o número de surtos por ano em cerca de 30%.

Apesar de praticamente não existirem estudos de comparação, a eficácia das diferentes preparações de interferão parece ser semelhante. A principal diferença entre as 3 preparações é o modo de administração: enquanto o Avonex(R) é dado por via intramuscular (na nádega) uma vez por semana, os outros são dados por via subcutânea (tipo insulina) 3 vezes por semana (Rebif (R)) ou dia sim dia não (Betaferion (R)).

O principal efeito secundário dos interferões é a ocorrência, com cada injecção, de dores musculares, dores de cabeça, fadiga e febre, semelhante à de uma quadro de gripe, que pode ser melhorado ou até prevenido pela toma de um analgésico/antipirético. Felizmente este é um efeito que tende a desaparecer com o uso repetido. Outro incoveniente do uso de interferões, particularmente os subcutâneos é a ocorrência de inflamação no local da injecção, formação de nódulos duros e dolorosos ou, mais raramente, pequenas úlceras (feridas) na pele. Geralmente estas lesões locais estão relacionadas com mau uso dos injectores e não respeito da técnica correcta, e podem ser corrigidas. Outros efeitos do interferão, como alterações da tiróide, das células do sangue ou do fígado, são bastante mais raros e obrigam apenas a vigilância com análises de sangue periódicas para ajuste da medicação.

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